Foi para você que escrevi a primeira canção de amor do mundo.
Foi pensando em você que escrevi meu primeiro romance de verdade, com carne e osso. Na guerra silenciosa travada pelos nossos olhares, minhas palavras perderam para as suas violentamente, foram esmigalhadas, viraram farelo em minha saliva seca. Você tinha o amor fervendo sob sua pele, eu via isso, eu me emocionava com sua vivacidade. Apenas as memórias que sobraram podem remeter àquela cena novamente. Minhas palavras mantiveram-se mortas desde aquele dia, mon amour. Você roubou todas com um beijo singelo.
Amor? Amor eu já senti. Várias vezes. Mas de mim mesma. Nunca fui capaz de aceitar ou enxergar o amor dos outros, muito menos de senti-lo - e nisso, você mudou absolutamente tudo. O mundo? O mundo tornou-se tolo como nós. O mundo resumiu-se a nós, iluminado pela felicidade do Sol do nosso amor, mas manteve nossos segredos, os mistério que ainda iremos descobrir, o silêncio da vida que serpentinamente se desenrola e desenvolve para os mais inusitados sentidos.
Agora penso, sinto, vejo, desejo, sussurro, o amo, o beijo, a vida, suspiro, ai ai. Louca, viciada, drogada, alucinada, oh meu deus, faça-me o favor! Traga-o para mim junto aos flocos de neve. Cansei de desapontar-me ao dobrar as esquinas; há apenas uma sequência de pessoas desconhecidas, incapazes de me ajudar, incapazes de me amar da maneira que você, só você, só você faz...
Retiro o que disse. "Só" não mais existe em meu vocabulário, mon amour. O mundo expira um ar quente e vivo em minhas costas, convidativo. "Quer deixar um recado, minha filha?"
"Diga-lhe então que lhe escrevi a primeira canção de amor desse mundo, porque nunca antes alguém foi capaz de unir-se a outrem assim..."
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